sábado, 1 de maio de 2010

Alice no País das Maravilhas


O currículo do cineasta Tim Burton é recheado de produções com inclinações ao sombrio e ao excêntrico, como, por exemplo, Edward Mãos de Tesoura, Sweeney Todd e A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça. Sendo assim, é compreensível a escolha do diretor em adaptar o clássico literário de Lewis Carroll, já que o enredo é passado num mundo fantasioso, cheio de criaturas fantásticas.

Para quem não conhece a trama, ela é focada em Alice, uma jovem que durante toda a vida sofreu com um sonho bizarro, em que figuras como a de um gato sorridente e a de um chapeleiro louco eram constantes. Aos 19 anos, durante uma festa de casamento, a moça nota um coelho com roupas correndo pelo jardim e resolve segui-lo. Com isso, a jovem será guiada até o País das Maravilhas, que se revelará o universo onde estão situados os seus estranhos sonhos.

Embora a premissa que servirá de ponto de partida para a história seja interessante, a adaptação para o cinema deixou muito a desejar. Tim Burton emprega um tom excessivamente infantil, o que é um erro, visto que a história é considerada um clássico da literatura universal, algo que deveria agradar a todas idades. O desenrolar apressado da trama e o raso aprofundamento das personagens dão ao filme um caráter medíocre. Alinhado a esses fatores, a direção de Burton parece focar tanto na elaboração do mundo fantástico, que se esquece de dar dinamismo à narrativa. Sendo assim, as cenas não empolgam em nenhum momento e a obra falha no quesito entretenimento.

Nem mesmo o elenco de peso é suficiente para salvar a película da mesmice. Em uma equipe de grandes nomes, não temos nenhum destaque. O astro Johnny Depp está pouco inspirado como o Chapeleiro Louco. Os fãs do ator, acostumados com o carisma e a irreverência que ele imprime às suas personagens, podem se desapontar um pouco com a sua performance. A impressão que fica é que o tempo do Chapeleiro em cena se deve muito mais à fama do seu intérprete do que a importância da personagem na trama.

Como já foi dito, percebe-se uma grande preocupação do diretor quanto ao visual. Quanto a isso, devem ser feitas algumas considerações. Há uns meses atrás, o diretor de Avatar, James Cameron, deu uma declaração, expondo a sua posição contrária em relação à decisão dos estúdios de converter filmes, originalmente realizados em 2D, para o 3D. Sua justificativa é que essa prática daria ao filme um aspecto de produção barata e mal feita. Levando em consideração que Cameron revolucionou o cinema com a tecnologia empregada em Avatar, a sua opinião deveria ser mais do que considerada.

Infelizmente a ganância dos estúdios em maximizar os lucros através dessa conversão parece ter falado mais alto e "Alice no País das Maravilhas" foi reconfigurado para o formato tridimensional. A única certeza sobre o 3D de Alice é que ele foi pensado muito mais como uma forma de atrair pessoas ao cinema do que como algo necessário à narrativa. Na verdade, o fator 3D é notado em pouquíssimas cenas do filme e não justifica o ingresso mais caro.

Em virtude do sucesso de público que teve nos EUA e da equipe consagrada envolvida, as expectativas em torno do filme no Brasil foram bem grandes. Infelizmente o novo trabalho de Tim Burton, que poderia ter se tornado uma adaptação à altura do prestígio da obra de Carroll, deve frustrar grande parte dos fãs do diretor, assim como deve desagradar os apreciadores do livro. No final das contas, “Alice” é mais uma produção destinada ao público infantil, mais ou menos como foram as adaptações de "Crônicas de Nárnia" e "A Bússola de Ouro".

Nota: 4

OBS: Embora receba o nome "Alice no País das Maravilhas", parece que a história não é uma adaptação integral do livro de Carroll, uma vez que é focada num retorno da protagonista ao País das Maravilhas, anos depois da sua primeira viagem à esse universo.

4 comentários:

  1. Agradável e interessante seu espaço...


    ...Retornarei com Frequência


    Agradecido pela visita ao Rembrandt

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  2. Todos os blogueiros comungam da mesma opinião, é fato. Ainda nao pude conferir, mas confesso nem ter vontade.

    abraço

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  3. parece que o filme é baseado em outro livro de Carrol: "Alice através do Espelho", ou uma coisa assim... a história é essa mesma, a alice volta, tem toda aquela historinha do esquecimento e da profecia, enfim, nao deixa de ser decepcionante...
    uma merda mesmo, merece o 4, derrepente até um 5, pra fazer justiça a filmes piores
    talvez se fosse de um diretor qualquer minha frustração não fosse tanta...

    abraço,

    Luis Berner

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