quarta-feira, 21 de abril de 2010

(500) Dias com Ela

''So for once in my life
Let me get what I want
Lord knows, it would be the first time''

O gênero comédia romântica está desacreditado há algum tempo, isso é fato. Produtos de Hollywood que seguem a velha fórmula, já desgastada: homem-conhece-muher, rola um clima, acontece um contratempo e no final, uma lição sobre o amor e um final feliz. ‘’(500) Dias Com Ela’’ tenta inovar o gênero, com um estilo mais indie, talvez até um clima de cinema independente. Infelizmente desanda para o clichê à medida que se dá seu desenvolvimento, embora ainda haja bons momentos e uma atuação sinérgica interessante do casal protagonista.

Como personagem principal temos Tom Hansen ( Joseph Gordon-Levitt), um jovem frustrado, formado em arquitetura mas trabalha numa empresa que confecciona cartões comemorativos. Um dia, chega à empresa Summer Finn (Zooey Deschanel), contratada como secretária de seu chefe. Tom se apaixona por Summer e, à medida que a conhece, se envolve mais ainda. Summer, por sua vez, só quer se divertir, não acredita em amor ou alma gêmea, e aí começam os problemas.

A influência de Woody Allen é clara, já que o filme trata de um casal estranho em uma ordem não linear, misturando as recordações como se fosse um bordado (‘’Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’’). Pode-se até citar o trançado feito na linha temporal de Kaufman e Gondry no ‘’Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças’’, feito de uma forma mais elaborada e experiente. No filme em questão, a contagem dos 500 dias se torna totalmente inútil, já que as atitudes das personagens já denotam a passagem de tempo.

Nota-se uma forte indecisão sobre o rumo que o diretor quer tomar com o filme: a primeira impressão é a de um filme que tenta fugir ao mainstream, criando uma atmosfera indie; em algumas horas se assemelha aos outros filmes de comédia romântica; e por fim tenta se sustentar com algumas piadas desnecessárias e que não se encaixam no contexto criado. A sequência musical é agradável, mas se estende demais, tornando-a exaustiva.

O casal principal goza de uma forte sinergia e a atuação dos dois atores é cativante. Joseph Gordon-Levitt consegue passar toma a paixão da sua personagem, um romântico que desesperançoso e solitário que acredita até demais no amor. Zooey Deschanel por sua vez interpreta uma personagem distante, talvez por não querer nada sério com a personagem ou por não corresponder ao sentimento de Tom.

O filme tem bons momentos, como a sequencia em que a tela se divide em ‘’expectativa’’ e ‘’realidade, extremamente criativa. A trilha sonora é boa, contando com ‘’The Smiths’’ e ‘’Simon & Garfunkel’’ e dá o tom dessa relação sem rótulos vivida durante quinhentos dias pelos dois jovens. O final é interessante, diferente dos desfechos usuais dos filmes do gênero e define bem o que acontece na maioria dos relacionamentos. Cuidado, o efeito catártico pode ser forte!

Nota: 6,5

5 comentários:

  1. Interessante!!!
    Estou pra assistir esse filme, sua crítica me motivou algo mais...
    Gosto das críticas do blogue de voces!!!!!

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  2. Mas passa longe dos casais "estranhos" de Woody hein. Aliás, nesse filme de estranho não vi nada. A única coisa que difere dos outros é a troca de papéis, normalmente é a mocinha que sofre pelo mocinho que não quer um "namoro sério", mas na época em que a "globalização é feminina" e quem padece são os homens, o filme retrata bem esse mal estar atual. O final achei igual a todos os filminhos, afinal, ele volta a acreditar no "destino universal" e reseta para viver mais 500 dias quem sabe 501?
    Está aí um personagem que é ridículo, no entanto, não teve medo de ser ridículo.

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  3. Eu assisti este filme no cinema, eu o achei mto divertido e interessante... acho que a nota deveria ser maior!

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  4. ai, tua crítica me desanimou mais... não vi e já esperava pelo que tu disse sobre o filme... ainda vai ficar muito tempo no computador...

    http://celuliteseoutrasestranhezasdemulher.blogspot.com/

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  5. Ah, adorei a crítica. Mas não concordo com algumas coisas. Creio que o filme não desandou (talvez no finalzinho, hehe), do mais, ele ficou todo certinho dentro da proposta interessante.

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